Editorial

A hora da Zona Sul

Conforme os problemas imediatos causados pela enchente começam a ser mapeados e ter suas soluções desenhadas, chega a hora de pensar no além. Um balanço geral mostra que a Zona Sul, por sorte e por competência das ações preventivas, é uma rara região em que o pior maio da história gaúcha não deixou mortos. Também, em termos estruturais, teve menos impacto que em outras. Por aqui, a mobilidade foi afetada apenas em pontos específicos, como em praias e afins.

Diante desse cenário macro, é óbvio que a prioridade precisa ser a reconstrução das áreas mais atingidas. Mesmo que não tenha sido "tanto" quanto em Porto Alegre ou nos vales, ainda assim projeta-se prejuízos bilionários. Só no agronegócio, por exemplo, a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) prevê, no mínimo, R$ 1,8 bilhão de perdas. Sem contar no turismo, principalmente em São Lourenço do Sul, que teve as praias devastadas, nas casas destruídas, geração de emprego e renda afetados, impactos familiares, sociais, enfim.

Mas, voltando à questão estrutural, as notícias que vêm de Porto Alegre são assustadoras em termos gerais. A economia geral gaúcha vai sofrer muito, já que o aeroporto Salgado Filho deve voltar lá em dezembro, se tanto. Além disso, há problemas em bairros e cidades inteiras na região metropolitana. Portanto, em termos de estrutura, é momento de colocar a nossa região à disposição para logística e como um ponto importante na retomada do Rio Grande do Sul.

Há muito tempo a Zona Sul sofre em questões financeiras e até em chegar a um denominador de qual será o grande destaque da região. Vai ser o turismo? O agronegócio? A tecnologia? A educação? Agora, parece ser a logística o caminho mais indicado para, dentro de uma crise tão grave, tentar achar um caminho para se colocar como relevante no ecossistema geral gaúcho. Somos uma rara região com entrada marítima, com aeroporto internacional em pleno funcionamento, com estradas em condições adequadas e sem impactos gerais nas estruturas das cidades.

É difícil falar em buscar oportunidade em um momento tão difícil, mas há um cenário que se desenha. Cabe aos gestores conseguirem galgar relevância e vontade política para que voos sejam direcionados para cá e empresas consigam aproveitar as estruturas oferecidas por aqui para se instalar. Tudo isso, no entanto, tem que ser feito sem se esquecer da prioridade, que é reconstruir as áreas atingidas pelas águas aqui e criar mecanismos de defesa para que o pior mês da história gaúcha nunca mais se repita.


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